Aculturação

Quero falar o português brasileiro,
o bê-a-bá afro-tupi-brasileiro
e aportuguesar o estrangeiro.

Quero ir a arreia! (ser aborígine)
Quero falar patoás, ailoviar as raparigas,
comer fubá, balbuciar gongá,
jacaré, gambá e jequitibá…

Hei de proclamar o regionalismo na República:
_Fulanos óiem! Óiem com seus óios de dó. Venham cá,
pra que ocês vejam o que povo canta de mió.

Quero brincar de Ai love iú,
bói e depois caubói… E no final,
defenestrar tudo lá de riba e esvaziar isso
tudo de dentro de nossa língua!

Quero a culinária afro-tupi-lusitana,
misturando tudo dá à brasileira:
bacalhoada à moquecada, canjirajé, canziju,
dobrajica, pomococa…

Quero vestir meu molambo,
ir à minha senzala requintada,
sentar em meu sofá de dendê,
fazer cafuné no moleque e rezar
a oração do candomblé!

Quero dormir na rede,
comer tapioca, mandioca,
pegar meu bodoque e atirar no urubu,
e dizer ao mundo que sou índio Tapuacu.

Quero mostrar ao mundo o portubrasilês,
filho de nosso enredo,
nosso classicismo de pandeiro,
malandragem de norte a sul do Brasil,
principalmente a do morro inteiro.

Ademilson Costa Santos

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